A sessão de três horas é composta por quatro módulos complementares e visa não apenas transmitir regras e procedimentos, mas disseminar uma verdadeira cultura de segurança entre os participantes, independentemente de sua experiência. Um critério adicional e crucial para o desenvolvimento do treinamento foi torná-lo acessível a pessoas com diferentes graus de alfabetização. Isso ajuda indivíduos analfabetos a superar barreiras significativas para o acesso as oportunidades, garantindo que todos, independentemente de seu nível de experiência ou escolaridade, possam acessar e absorver facilmente o material.

O grau de alfabetização entre os funcionários varia, dependendo da localização e disponibilidade de mão de obra, mas a equipe do projeto desenvolveu um treinamento abrangente e inclusivo, pensando em todos.

Caroline Ausset-Guerra, Gerente de Responsabilidade Social Corporativa da VINCI Energies International & Systems, destaca a importância de encontrar maneiras para as organizações levarem em conta a realidade no canteiro de obra: “A ideia é realmente adaptar nosso conteúdo aos nossos colegas e não o contrário. Inclusão não é apenas uma palavra para nós, é uma posição.

A Omexom é um importante player na construção de Linhas de Transmissão. Como em muitos mercados, existe o desafio em encontrar mão de obra qualificada para executá-los.

Devido ao seu alto nível de risco, os trabalhos em Linhas de Transmissão requerem extrema atenção à segurança. Este contexto torna-se especialmente desafiador devido à execução manual de muitas atividades, sendo as etapas de montagem e pré-montagem de torres particularmente críticas. Nessas fases, onde os riscos são maiores, as equipes operam tanto no solo quanto em altura, realizando uma sequência intensa de atividades como carregamento, transporte e descarregamento de materiais em campo. A combinação desses fatores ressalta a importância de implementar treinamentos e ações de segurança para mitigar os riscos associados  às tarefas, garantindo um ambiente de trabalho seguro para todos os envolvidos.

“Com esse treinamento, pretendíamos alcançar nossos colaboradores mais vulneráveis, especialmente ajudantes e montadores, que estão mais expostos a riscos em atividades com alto potencial de perigo”, explica Henrique Santos, Engenheiro Eletricista na Omexom e parte da equipe do projeto do treinamento de segurança.

“Mais do que construir um programa de treinamento, representa um momento de profunda reflexão sobre segurança e o cuidado que devemos ter, tanto no local de trabalho quanto em nossas casas.”

O treinamento consiste em quatro módulos complementares que fornecem não apenas treinamento sobre a execução segura das tarefas, mas promovem a cultura de segurança da Omexom.

Aumentar a percepção de risco foi uma consideração muito importante no desenvolvimento do treinamento, explica Katarzyna Herman, Gerente de Projeto da marca. “As pessoas precisam não apenas conhecer os procedimentos, mas ter os reflexos certos, porque as coisas podem acontecer a qualquer momento, de qualquer maneira, em qualquer lugar.”

Uma vez que a abordagem geral e o conteúdo foram validados com a equipe do projeto, André Lamounier, Gerente de Projetos da Omexom e Henrique Santos utilizaram de suas expertises para criarem um conteúdo realista, sempre tendo em mente o público-alvo.

“Os colaboradores gostam de estar ativos, usar as mãos e estarem em pé, então, se você os fizer sentar em uma sala por três ou quatro horas, ensinando de uma maneira teórica, elas vão se cansar”, enfatiza André. “Este é um tipo de treinamento muito diferente, e eles gostaram muito. Foi muito gratificante ver como eles reagiram.”

O treinamento, que pode ser montado em uma tenda em qualquer local de trabalho, começa com uma sessão introdutória, que familiariza os participantes com cada uma das etapas da construção, pré-montagem e montagem e sua execução segura. Oito cenários de realidade virtual proporcionam aos participantes a oportunidade de testar suas habilidades de maneira imersiva.

Uma seleção de animações baseadas em experiências reais de acidentes educa sobre os riscos e as consequências do comportamento inseguro, incentivando ainda mais a percepção de risco e a cultura de segurança. Um poster com dois infográficos resume tudo o que o grupo aprendeu e fornece um lembrete, facilmente acessível em qualquer local em campo.

Embora curto, o treinamento é completo e busca envolver os participantes em um nível humano. “Há tantas emoções nessas poucas horas”, lembra Katarzyna. “Os colaboradores ajudam uns aos outros ao longo dos exercícios, e houveram muitas risadas. Há momentos que são muito fortes, quando as pessoas percebem como um acúmulo de pequenos erros pode resultar em acidentes graves com os depoimentos em vídeo.”

A Omexom fez um primeiro teste do Treinamento de Segurança em março do ano anterior, com 35 pessoas em Umari (Rio Grande do Norte). Para o segundo treinamento, 30 participantes e membros da equipe da marca se reuniram em Riachão (Paraíba).

O terceiro treinamento em outubro reuniu 75 pessoas para duas sessões no projeto Assuruá (Bahia). “O uso de linguagem simples e objetiva enquanto o treinamento é realizado diretamente no ambiente de trabalho tem um efeito muito positivo, as pessoas entendem e se identificam com o conteúdo”, destaca Rodrigo Sena, Business Unit Manager da Omexom Transmission Line. Silmara Gontijo, Gerente de RH da Omexom, entende o treinamento como um marco importante no desenvolvimento dos colaboradores: “Inclusão é a palavra que resume esse trabalho. Muitas pessoas que trabalham conosco têm dificuldades para entender nossos proce-

dimentos, e esse treinamento é a maneira de alcançar todos eles”. A equipe agora está no processo de analisar indicadores de desempenho para avaliar a eficiência do treinamento, e se a mensagem pretendida está efetivamente prevenindo acidentes e influenciando as decisões dos colaboradores durante suas atividades. Além disso, existem também as primeiras considerações sobre a replicação da abordagem e do formato para o desenvolvimento de treinamento para trabalhos em linha a nível internacional. A equipe do projeto vê múltiplas oportunidades.

“O nosso próximo passo é ver como podemos traduzir essa experiência para outros lugares”, diz Katarzyna. “Porque essa abordagem e o pacote que imaginamos e desenvolvemos no Brasil certamente serão úteis para colaboradores de outros países.”